Por: Natália Aquino
Distúrbio que prejudica interação social pode ser vencida com trabalho conjunto e profissionais da saúde
A reportagem do blog Esquina procurou o psicólogo Aloizio Simões para entender mais sobre a Síndrome de Asperger, distúrbio que por muitas vezes é confundido com o autismo, mas que se difere em vários pontos desta outra síndrome. Confira abaixo os esclarecimentos do psicólogo e especialista no tema.
Aloízio, o que é a Síndrome de Asperger?
A síndrome de Asperger é um distúrbio caracterizado por uma série de comportamentos que caracterizam uma dificuldade de se interrelacionar com outras pessoas. Os primeiros indícios podem ser observados a partir da primeira infância.
Quais são as principais características desta síndrome?
Os pacientes com Asperger tem dificuldade em demonstrar afetividade, eles não conseguem demonstrar emoção de maneira muito forte. O pior é que eles sofrem com isso, já que eles têm consciência disso, já que a inteligência deles é preservada. E eles se perguntam: ‘Por que eu sou assim?’ ou ‘Por que eu não consigo entender o sentimento das pessoas?’. Então, eu costumo dizer que é uma doença que aprisiona o indivíduo na sua própria alma, ele tem a inteligência mas não tem a capacidade de distinguir que ele precisa trocar telefone com as pessoas, que ele precisa se estabelecer dentro de redes sociais, que ele precisa estabelecer contato com as pessoas. Ele precisa dessa interação, ele tem dificuldade de toque, de abraço, de estabelecer vínculo afetivo e de compreender
as emoções do mundo.
Existem estatísticas sobre a incidência da Asperger?
Não existem muitos estudos e números sobre a Síndrome de Asperger. Até porque muitos Aspergers ainda são diagnosticados como autistas ou como pessoas com déficit de atenção. Os maiores estudos provém da Inglaterra. Acredita-se que aproximadamente 3% da população jovem mundial possua essa
síndrome. A síndrome atinge principalmente crianças do sexo masculino do que do feminino, o índice em meninas é muito pequeno.
Existe alguma relação genética? Existem estudos sobre a transmissão por gene?
Não existe nenhuma relação genética comprovada perante a doença. Existem apenas indícios. O Asperger tem sido estudado há muito pouco tempo. Nós temos muito mais dúvidas do que certezas sobre esta síndrome. As causas da doença, inclusive, podem estar relacionadas com alimentação e nutrição da pessoa, mas não há certeza absoluta sobre isso.
A Síndrome de Asperger é, por muitas vezes, confundida com outras doenças, como o senhor disse. Por quê? O que a difere das outras e o que ela tem de comum com outros distúrbios?
Inicialmente ela é confundida com um autismo clássico, mas hoje nós sabemos que ela é um tipo de autismo, um autismo de alta funcionalidade. Ou seja, o indivíduo tem todas as suas funções cognitivas preservadas, ele é muito inteligente, mas tem dificuldade de compreender as emoções dos outros. Para
fazer essa distinção é necessário uma anamnese (entrevista realizada por um profissonal de saúde ao seu paciente que é o ponto inicial no diagnóstico de uma doença) séria com vários profissionais atuando em conjunto. Não existe nenhum teste específico para a Asperger. A gente começa fazendo uma entrevista familiar e a partir desta conversa e da análise do comportamento social do indivíduo, nós passamos a estabelecer como pode ser feito o tratamento.
Qual é o tratamento indicado? Existem remédios específicos para a Síndrome?
O indicado é a terapia cognitiva e comportamental desde a infância, após feito o diagnóstico para que o jovem passe, então, a trabalhar com o mundo, passe a ter melhor compreensão do mundo. O principal, para os pais, é orientar-se. Existem poucos mais alguns livros sobre isso. O ideal é ler mais sobre o assunto, buscar na internet e buscar profissionais especializados no tema. Trabalhar junto com o seu filho. Estabelecer metas e mudanças. Por exemplo, quando a criança ou adolescente com Asperger for a uma festa, depois, nós e os pais vamos analisar e entender como que ele interpretou aquela interação social.
Existem remédios para isso?
Não existem ainda medicamentos. A utilização de remédios é indicada apenas para tratar alguns efeitos psiquiátricos. Muitos Aspergers, na fase adulta, desenvolvem também a esquizofrenia. Como o Asperger muitas vezes olha nos olhos das pessoas e não compreende, e não consegue interpretar o que está no rosto da pessoa e o que a pessoa pensa sobre ele, ele começa a desenvolver imaginações sobre isso. Ele acha que todos estão o observando, todos estão criticando-o.
Como as escolas podem agir para o melhor convívio do jovem com as outras pessoas? Que tipo de suporte é necessário?
Nas escolas, o paciente que possui Asperger é muitas vezes tratado como uma pessoas ingênua, com dificuldade de compreender as emoções e aí muitas vezes sofre bullying. Então, é necessário ter cautela no relacionamento entre o aluno com Asperger e seus colegas, já que é preciso diferenciar um comportamento de bullying de uma brincadeira.
Para concluir, o que o senhor acha que é mais importante para amenizar os sintomas da síndrome?
O mais importante é buscar uma equipe multidisciplinar, uma equipe que não trabalhe sozinha. Eu costumo dizer que no trabalho com Asperger, o mais importante é você fazer um trabalho conjunto entre psicólogo, psiquiatra, fonoaudiólogo, família e escola. Se todos nós trabalharmos juntos desde o início do crescimento desta criança, ela pode ter um desenvolvimento quase que normal e essa ‘cegueira emocional’ pode ser vencida.
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