Obras da nova feira de Sobradinho estão paradas há dois anos e sete meses

Feirantes reclamam da falta de infraestrutura do local improvisado em que a feira está funcionando
Por Aline Carvalho
A realidade da feira desanima os feirantes
(Foto: Aline Carvalho)
A previsão era de que R$ 4,7 milhões de reais fossem gastos na construção da Nova Feira de Sobradinho.  Em março de 2009, o ex-governador José Roberto Arruda chegou a assinar uma ordem de serviço para dar inícios às obras. Mas, dois anos e sete meses depois, os feirantes continuam esperando as novas instalações: a obra está parada.

A ideia era de que os feirantes ficassem em um local improvisado durante oito meses, tempo previsto para a duração da obra.  A promessa era de uma nova estrutura, com banheiros químicos e segurança. 

A realidade do dia-a-dia dos feirantes é bem diferente da prometida. “Tem de tudo aqui. Mau cheiro,falta segurança, a energia parece mais uma ‘gambiarra’. As barracas não tem sustentação”, diz a feirante Mara Sanches, 42 anos.

O feirante Edvaldo Raimundo, 56 anos, trabalha na feira há dez. Para ele, as condições do local em que a feira está funcionando provisoriamente prejudicam as vendas. “A feira não atrai mais tanto a clientela que procurava por preços baixos. O local é desconfortável, os banheiros nem se fala. Dá pra sentir no bolso que o negócio não tá bem”.

Os consumidores passam por locais improvisados
para entrar na feira (Foto: Aline Carvalho)
Não é só para os feirantes que a situação está ruim. A precariedade das instalações do local improvisado afasta os consumidores. “A gente vem na feira para comprar barato. Compro de roupas a frutas. Está sem condições. Não tem banheiro, nem nada. Não temos nem vontade de comprar aqui”, reclama a dona de casa Lindonias Gorete, 49 anos.

Com as chuvas, o problema do local fica ainda pior. É o que conta o vendedor de grãos Raimundo Nonato, 60 anos. “Quando chove, perdemos mercadoria. É um corre-corre de louco. Fica tudo molhado, e as pessoas não vêm comprar. Tem gente que chama de goteira. Mas, pra mim, é buraco”, reclama.

O estudante Arthur Carlos Aguiar, 19 anos,  diz que antes comprava camisetas e acessórios na feira. Mas que, com as chuvas, a situação ficou difícil. “Mesmo que eu pague mais caro, prefiro comprar ali no shopping . Pelo menos não me molho e escolho minhas coisas com mais comodidade”. O estudante refere-se a um dos shoppings da cidade que fica localizado bem ao lado da feira improvisada. A cozinheira Rosineide Silva, que possui uma barraca de comida caseira, reclama. “É claro que o pessoal vai para o shopping. Quem não quer fazer uma refeição com tranqüilidade?”

O feirante Dedé da Cruz, 65 anos, não perde a esperança de trabalhar no novo local. “A gente tem que ter esperança, né? Tem anos que trabalhamos duro aqui nessa feira. Merecemos esse presente”.

A nova administradora da cidade, Maria América Menezes, prometeu dar continuidade às obras quando entrou no cargo em janeiro deste ano.  A equipe de reportagem do Jornal Esquina entrou em contato com a assessoria da Administração de Sobradinho, mas não obteve resposta.

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