Balé: mães escolhem a dança pelas filhas

Por Camila Ferreira e Veltz Capone

Especialista alerta que influenciar nas decisões pode ser negativo

Em geral, segundo o bailarino e escritor de dança, Dalal Achcar, a menina calça sua primeira sapatilha aos sete anos. Nessa idade, é natural que as mães levem as filhas para as escolas de balé. Muitas delas se encantam com o colã e as saias rosa, mas para outras, a aula de balé pode ser um momento de tortura.
 Nathália(à esquerda) com a amiga Fernanda
É o caso de Nathália Andrade, 14 anos, bailarina desde os seis anos de idade que pratica a dança por obediência à mãe. “Eu nunca gostei de balé, quando era bem pequena vinha chorando todos os dias para a aula. Até hoje não gosto muito da dança, mas minha mãe disse que para ser uma bela mulher, tem que ser bailarina. Só não parei de praticar ainda para não arranjar confusão”, relata a garota.

Márcia Andrade, 54 anos, mãe de Nathália, conta que sempre sonhou em fazer balé, mas, quando era criança, não tinha condições financeiras. “Não é que eu a obrigue a fazer, mas digo que é o certo. Com certeza o balé é muito importante na vida de qualquer menina, faz bem para a alma e para o corpo, além de ser chique”, relata.

Segundo a psicóloga especialista em tratamento infanto-juvenil, Carina Cartaxo, o balé, como qualquer outra atividade física, precisa dar prazer. “É importante que a criança ou o adolescente se sinta bem com aquilo que faz. O problema é quando a atividade vira uma obrigação”, explica.

Carina Cartaxo relata que as mães pensam que estão incentivando as filhas, quando, na verdade, estão criando nelas uma aversão ainda maior àquela atividade. Além disso, se a menina tiver dificuldade com a feminilidade, passará ainda mais a ver o mundo feminino como algo pouco atrativo e até mesmo desagradável. “Uma menina que não se sente confortável dançando balé, se sentirá ainda mais desajeitada sendo forçada a fazê-lo”, conta a especialista.

Já Beatriz Resende, 10 anos, conta que gosta da dança e que pretende ser professora de balé. “Faço balé há dois anos e não falto nenhuma aula, minha mãe me trouxe para uma aula experimental e estou adorando todos os movimentos”.


Professora de balé há 18 anos, Jamille Ferreira relata que o balé como qualquer outra dança tem vantagens e desvantagens. “A maior vantagem do balé é o fato de o gênero ser a base para qualquer outro tipo de dança. Como desvantagem, eu citaria a grande disputa que se cria por um papel no espetáculo. Muitas meninas ficam até sem comer para entrar no figurino”, conta.

O balé é um estilo de dança que teve origem nas cortes italianas durante o século XV. A dança exige muita técnica e possui um vocabulário próprio. No Brasil, o gênero surgiu em 1813 e a primeira apresentação foi realizada no Teatro Real de São João no Rio de Janeiro. A dança requer muita prática e é ensinada em escolas próprias em todo o mundo. No DF, por exemplo, existem por volta de 84 escolas especializadas.

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