Rodoviária central de Brasília, seis horas da tarde, horário de pico. Pessoas ali procuram um ônibus que as levará para casa. Filas se formam, várias faces cansadas são vistas, mas no meio da grande massa algumas camisetas azuis chamam um pouco a atenção. Os que as vestem, por mais que não pareça, são os grandes protagonistas dessas tumultuadas tardes. Os motoristas e cobradores são os responsáveis pelo transporte de grande parte da população brasiliense, que todos os dias depende do transporte público para levar a vida. Um trabalho importante, mas bastante sofrido.
No mundo dos entrevistados para esta reportagem, a jornada começa cedo. Eles contaram que às 5h já devem estar prontos para que às 7h40 estejam dentro dos ônibus. César Henrique e Nilsimar Oliveira dos Santos são cobradores. Ailton Olímpio de Jesus e Aldemar Amaral de Lima são motoristas. O que os une, além dos ônibus, são as poucas horas de sono. A rotina que começa na madrugada vai até as 20h. As rotas são pelo Plano Piloto, consideradas, por eles, as mais tranqüilas. O trabalho pesado e o pouco sono geram muito, mas muito estresse, segundo informaram à reportagem. Os problemas que eles relatam vão dos direitos trabalhistas supostamente prejudicados a desconforto nos veículos. Além disso, reclamam do salário (leia mais abaixo).
Os cobradores César Henrique e Nilsimar Oliveira
Ele acredita que está se saindo bem na função, mas ressaltou que lidar com o ser humano não é tarefa fácil. “A gente aprende que o passageiro 'tem sempre razão', mas nem sempre é assim. Muitos deles não querem escutar mesmo estando errados, mesmo sendo grosseiros”, explicou. “A gente precisa ter calma. É um exercício de paciência”.
Salário - Em todas as entrevistas realizadas, a falta de benefícios surgiu como o problema mais incômodo. Afinal, esses trabalhadores não possuem plano de saúde e contam apenas com a renda mensal (cerca de R$ 730 para cobradores e R$ 1,400 para motoristas) e ticket alimentação. Outro problema é a má conservação dos ônibus, que não só os incomoda como afeta a qualidade do serviço prestado. Alguns deles trabalham no ramo há mais de 30 anos e, como acreditam não terem outras opções, precisam aceitar a realidade que os passageiros também não questionam. Aceitar... eles até aceitam. Mas, se conformar... Aí já é outra história.
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